Por um posto de trabalho estável para cada jovem licenciado em escultura, principalmente nas faculdades histórico-mitológicas de Belas-Tartes de Lisboa e Porto, propomos uma saída fácil para a amargura do desemprego, ou pior, de uma vida dedicada à prática profana de uma vida dedicada à arte da escultura e de fumo indiscriminado de má marijuana.
È necessário, em primeiro lugar, que o escultor (licenciado em escultura) se comprometa a abandonar ou a não iniciar de todo actividades escultóricas remuneradas, independentemente da nobreza das matérias que utilizaria na contrução das obras. Daremos no entanto alguma tolerância ao escultor que ingenuamente proponha, eventualmente, esculturas feitas de ar ou mesmo de nada, qualquer outra matéria é absolutamente inaceitável.
Se cumprir o compromisso assinalado no parágrafo anterior esse escultor, será conduzido, à força preferencialmente, para uma rotunda próxima da sua área de residência, onde a partir desse momento dará inicio à sua nova e digna actividade de rotundista (ex-artista dedicado à ocupação espacial de rotundas).
A partir do momento em que o rotundista passa a ocupar o seu posto, entra em vigor o conjunto de tarefas e obrigações que lhe foram destinadas, que se violadas por qualquer motivo injustificado terão como consequência imediata, o despedimento do rotundista, e o seu regresso imediato e compulsivo ao putrido mundo da arte (a arte cheira mal).
As tarefas passam na generalidade por não fazer coisa nenhuma, tentando ao máximo reproduzir os movimentos de uma escultura futurista-fascista de Umberto Boccioni, que tem pernas e braços por todo o lado, o que faz com que toda a gente exclame- " olha ela move-se!", sabendo ao mesmo tempo que ela não se move de todo, ou que se move apenas por sabermos que nada está parado (a não ser o processo de paz israelo-palestiniano), ou que se move tanto quanto o Cristo Rei, também ele um pouco fascista (a escultura é fascista ponto final). È aconselhável que as acções do rotundista não superem em quantidade e qualidade as dos mobiles de Alexander Calder, que só não são fascistas por que não são esculturas, provocadas pelos elementos: o vento, a chuva os tremores de terra, etc...
Na verdade esta sujeição sodomizante aos elementos da natureza e aos seus efeitos plásticos práticos sobre a matéria (a erosão e a oxidação por exemplo), é a principal funcionalidade de um rotundista competente, escultor tornado anti-escultor, tornado performer anti-performer, tornado escultura efémera anti-escultura efémera, tornado útil anti-útil, tornado anti anti-escultor, tornado anti-artista anti anti-artista (o rotundista é um ser inútil e por isso mesmo bom, honesto e verdadeiramente criativo).
O rotundista está autorizado a abandonar a rotunda/habitat sete vezes por dia (um luxo que um emprego artístico não permite, porque o artista é artista vinte-e-quatro horas por dia) para cumprir com as suas obrigaçôes fisiológicas, alimentação e derivados da mesma, apesar de saudarmos o esforço do rotundista que opte por se alimentar do que o solo da rotunda lhe fornecer, minhocas, insectos,plantas e vermes variados.
O rotundista está também autorizado a utilizar o dom da fala de forma optimizada, recorrendo a ele para fins de insulto, às instituições de ensino artístico que insistem em formar bestas trogloditas como são os escultores, aos estudantes de arte, ao ministério da educação que permite este ultraje à dignidade humana , e a todos os que alimentam este monstro que devora as mentes inocentes dos não-artistas.
O cargo é vitalício, o rotundista ocupa a sua rotunda/lar-doce-lar como um Menir (fascismo artístico pré-histórico) a planície, ou as Pirâmides o planalto de Gizé. Em caso de morte ou avaria permanente, o rotundista ser´´a depositado em sede própria, tendo a única garantia que a sua memória não será manchada jamais será manchada por um epitáfio insultuoso tipo "Aqui jaz o Artista" ou "Este que morreu era Artista, um grande Artista, ou simplesmente "Artista". Mais, comprometemo-nos a, em caso algum, permitir que este maravilhoso ser seja conotado com vocações artísticas, eliminadas do seu horóscopo, ou até mesmo com o seu passado no ensino artístico, convenientemente suprimido da sua história de vida e substituído pela sua gloriosa carreira de rotundista.
Afirmamos, finalmente, que é nosso ardente desejo que em poucos anos, uma década talvez, já não saiam escultores das universidades e sim e apenas, individuos dedicados e prontos a abraçar o rotundismo como unica alternativa credivél ao esculturismo, e que em mais alguns anos todas as esculturas que ainda subsistam nas rotundas sejam substituidas por rotundistas profissionais.
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